sábado, 20 de outubro de 2007

Atitude Blasé

"Os factores que sujeitaram a forma de vida á exactidão e precisão do minuto numa estrutura da mais acentuada impessoalidade ao mesmo tempo que a fizeram infletir numa direcção marcadamente pessoal" (pp. 34-35).

A impessoalidade, traço marcante do homem metropolitano irá produzir, no dizer de Simmel uma característica essencialmente metropolitana: a atitude blasé. Essa atitude é consequência do homem urbano ser massacrado com um turbilhão de estímulos ou acontecimentos quotidianos, aos quais depois de certo tempo deixa de reagir, sofrendo uma espécie de anestesia, que faz com que ele não se espante com nada, tenha uma atitude distanciada, um embrutecimento produzido pelo excesso de estímulos nervosos.
Não escapando desse meio conturbado e intenso, o homem metropolitano não encontra forças e nem tempo para se recuperar.

A atitude Blasé segundo Simmel "é a incapacidade de reagir a novos estímulos com as energias adequadas (...) que associada à economia monetária, a essência da atitude blasé encontra-se na indiferença perante as distinções entre as coisas (...) não são percepcionadas como significantes" (p. 35)
Cidade em movimento / Indiferença

Um comentário:

Anônimo disse...

A concepção marxista do homem tem subjacente para si o pensamento de Feuerbach. Foi quem em 1º lugar, procurou fundamentar o ser humano a partir de si mesmo e tomou como ponto de partida da sua reflexão, o homem concreto, tal como surge na sua relação com os outros.
Então a essência do homem manifesta-se com a unidade do homem com o homem e essa unidade encontra a sua base na realidade impressa Eu-Tu e, ele entende que o homem genérico, o conteúdo humano é sujeito de atributos e propriedades humanas.
Não considera o homem na sua individualidade, mas o homem na sua relação com os outros no seu conjunto, portanto, é o homem que possui um conjunto de atributos e propriedades que, como ele dizia, “ num governo” serão apenas desejos de aspiração, num futuro serão acerca da realidade.
Feuerbach considera que se o espírito humano se situa ao nível do divino, Deus não é mais do que a projecção do homem. Isto é, o homem projectou em Deus aquilo que é a sua realidade, mas a partir do momento em que atingiu o conhecimento de si, a partir dessa possibilidade de conhecimentos da totalidade da realidade, Deus não tem mais razão de ser. Portanto há que afirmar o homem.
Na perspectiva de Marx está a ideia da necessidade de construir uma sociedade em classes, através da abolição da propriedade privada, ou seja, o que se conseguira colectivizando todos os meios da produção, ou seja, tudo aquilo que é pertença de alguns que têm o capital que é fonte de exploração e de alienação para o homem. Há necessidade de uma luta que leve a que o homem viva em equilíbrio com a natureza e se encontre perfeitamente enquadrado no mundo sem estar submetido a estruturas e produção que são geradas pelo capital.
Houve quem, dentro do contexto marxista, dissesse que o homem só tem razão de existir quando dá o seu contributo em benefício dos outros e para que se instaurasse a sociedade ideal seria legítimo recorrer ao suicídio quando a pessoa não conseguir realizar algo mais, quando perder toda a força, a energia, a capacidade de colocar a sua vida ao serviço da sociedade, do colectivo. (Albert Camus).


O homem no contexto do estruturalismo é considerado como uma peça do organismo social.
O Estruturalismo é uma componente humana contemporânea, todavia é mais um método de investigação do que uma doutrina.
São nomes representativos do estruturalismo o filósofo Louis Althusser, o antropólogo Claude Lévi-Strauss, o filósofo Michel Foucault, o semiólogo e crítico literário Roland Barthes ou o psicanalista Jacques Lacan.
As críticas às posições estruturalistas acusam-nas de serem a-históricas, inverificáveis e eclipsadoras da criatividade humana. Contudo, há posições devedoras do estruturalismo que combinam a dinâmica da acção social com a ordem da estrutura, como é o caso das de Anthony Giddens e de Pierre Bourdieu, que identifica uma relação dialéctica entre as pressões estruturais dos meios sociais e as interacções dos agentes.
Há no homem uma continuidade e o homem não é mais do que um ser que pertence ao conjunto dos outros seres, dissolvendo-se no mundo físico. As leis do pensamento são as realidades físicas e sociais. O homem como indivíduo não tem nenhum significado social. É uma coisa entre as coisas, não se dando uma importância à sua realidade, à sua autonomia e condição de ser. Por isso é que o estruturalista Tuckbul resume o pensamento antropológico em 3 suposições:
 O homem é uma invenção recente.
 Não há sujeito humano.
 O ser humano morreu.
A origem do homem remonta há dois séculos. Aquilo que se considera ser humano como alguém que está acima dos outros seres numa escala ontológica, não aparecia na Filosofia Antiga, nem no período cristão.
Tal como Nietzsche proclamou a morte de Deus, assim o estruturalismo reivindica a morte do homem. Em 1º lugar porque se dará a extinção devido a uma forma ou modo de pensar o homem que não é contínua, que é meramente ocasional.
Em 2º lugar porque sendo o homem o resultado do pensamento e da palavra, a sua duração está ligada às suas obras e a caducidade das obras arrastará consigo o seu desaparecimento. É um pensamento que não considera o homem como individual, considera-o sim no contexto dos outros seres de sujeito.
O estruturalismo interessa ao nível da linguagem, devido à cultura sincrónica e diacrónica. Situa-se ao nível do universo científico, mas não trás para o nosso problema nenhum contributo particular, a não ser esta perspectiva redutora e destrutiva do ser humano.
É, neste sentido que, a negação do homem, poderia torná-lo mais ignaro, num contexto meramente formal, mas ele continua sendo um mistério.
Joaquim Forte!
Big Up Lara.